quarta-feira, maio 19, 2004

Prefiro Riscar

Não apago nunca o que escrevo,
Como não apago o que sinto.
Se a cabeça dos dedos, empreendendo palavras,
Se engana, prefiro riscar.
Mas não me arrisco a apagar.
Nada das nossas vidas, nada das sensações,
Das simples ideias ocasionais,
podemos apagar da existência.
E, por isso, eu não apago, prefiro riscar.

Procuro, por um tempo,
Esquecer um mau momento,
Procuro ocultar...
Mas apagar não. Não posso apagar...
E, por isso, eu não apago, prefiro riscar.

Quem dera, por vezes, poder apagar palavras inadequadas,
E inadequadas vivências...
Amores magoados, amores feridos...
Mas não posso esquecer.
Quem não esquece, não apaga...
E, por isso, eu não apago, prefiro riscar...

Por isso ou por qualquer outra razão
Não demasiado oculta,
Como ter esquecido a borracha no blusão
E não ter coragem de voltar à rua.


03 Agosto, 2003